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No momento em que se assinala o 71.º aniversário dos bombardeamentos de Hiroxima e Nagasáqui com armas nucleares, pelos Estados Unidos da América, o Conselho Português para a Paz e Cooperação reafirma a necessidade imperiosa de pôr fim às armas nucleares e de destruição massiva através do desarmamento geral, controlado e simultâneo.

Tal como em Março de 1950, quando milhões de pessoas em todo o mundo assinaram o Apelo de Estocolmo (lançado pelo movimento mundial da Paz) exigindo a proibição das armas atómicas – o que terá contribuído de forma determinante para que Hiroxima e Nagasáqui não se tenha repetido nos primeiros anos da chamada «guerra fria», também hoje é fundamental levar mais longe a exigência de acabar com as armas nucleares e de destruição massiva: hoje, com os actuais arsenais, uma guerra nuclear aniquilaria toda a população do planeta; das cerca de 15 mil ogivas nucleares armazenadas em instalações militares, a maioria pronta a ser utilizada, apenas 1 por centro chegaria para libertar a energia equivalente a 4000 bombas de Hiroxima.

Os Estados Unidos da América são o único país que até agora usou armas nucleares e que admite a possibilidade de as voltar a usar num primeiro ataque. Responsáveis, nas últimas décadas, por diversas guerras de agressão contra estados soberanos, com bases e bases e instalações militares nos quatro cantos do mundo (e sobretudo em torno da Federação Russa e da República Popular da China), os EUA – de longe o país que mais gasta em armamento no mundo – têm actualmente em curso um programa dito de revitalização atómica, com um custo estimado de um bilião de dólares a gastar ano longo de três décadas. Pode avaliar-se da gravidade da situação se se tiver em conta que um pilar principal do referido “programa de revitalização atómica” é o desenvolvimento e ensaio de bombas mais inteligentes de grande precisão, menores dimensões e de difícil detecção em voo.

Este programa deve ser visto como uma flagrante infracção da obrigação estipulada no Artigo VI do Tratado de Não Proliferação Nuclear, que os Estados Unidos assinaram e ratificaram, onde se diz, designadamente, que cada uma das Partes signatárias se compromete a «prosseguir de boa-fé negociações sobre medidas efectivas com vista ao fim da corrida aos armamentos, em data próxima, e ao desarmamento nuclear sob controlo internacional estrito e eficaz».

Igualmente motivo de preocupação é a instalação de sistemas anti-míssil e de armas nucleares por parte dos EUA e NATO em países europeus próximos da Federação Russa, como os estados bálticos, a Roménia, a Polónia e a Turquia, entre outros. Este sistema só é defensivo na aparência, pois pretende neutralizar a capacidade nuclear de um qualquer país, e principalmente da Rússia, procurando um drástico e brutal desequilíbrio de forças à escala internacional e concedendo aos EUA um monopólio de facto, da possibilidade de utilização efectiva de armas nucleares.

As centenas de milhares de vítimas mortais dos bombardeamentos de 6 e 9 de Agosto de 1945 e as doenças e malformações que provocaram aí estão a lembrar-nos dos perigos inerentes a uma guerra nuclear – que teria inevitavelmente consequências muito mais graves. Os povos do mundo, depois de terem conhecido as atrocidades da guerra atómica, afirmam «Nunca Mais!». As descobertas científicas devem estar ao serviço da Paz e do bem-estar dos povos. É dever de todos exigir o cumprimento dos princípios da Carta das Nações Unidas e lutarmos por um mundo sem armas nucleares e de destruição massiva.

O destino dos povos, a salvaguarda da Paz e a oposição a uma nova guerra mundial em que as armas nucleares poderiam ser utilizadas, até por simples erro de cálculo ou falsa manobra, chamam todas as mulheres e homens, em qualquer parte do mundo, a mobilizar-se para uma luta que, sendo pela paz, é necessária e indispensável, e será decisiva para o nosso futuro colectivo.

Pela Paz, todos não somos demais!