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A evolução da situação do surto de vírus Ébola está a demonstrar a cínica e hipócrita atitude de países ocidentais, economicamente mais desenvolvidos, que em vez de utilizarem os vastos meios que têm ao seu alcance para combater o surto da doença no seu início e, desse modo, evitar o agravamento da situação e o alastramento do número de vítimas, intervieram promovendo o alarme mediático, por todo o mundo, e instrumentalizando a situação em função dos seus interesses.

O Conselho Português para a Paz e Cooperação não pode deixar de denunciar que o vírus Ébola se tem propagado pela África Ocidental sem que tenham sido canalizados os meios humanos, técnicos e financeiros actualmente existentes que permitiriam às autoridades de saúde pública dos países afectados combatê-lo de forma eficaz e minimizar, dessa forma, o drama humano registado na Serra Leoa, Libéria e Guiné Conacri.

O CPPC não pode deixar de condenar a instrumentalização deste surto por parte dos EUA que, através do AFRICOM (comando militar dos EUA para África) asseguram a sua presença e intervenção militar em múltiplos países africanos com a decisão de enviarem milhares de soldados e de instalar novas bases militares – na Libéria, como noutros países da África Ocidental –, com o custo de milhões de dólares, o que deixa antever interesses muito diferentes do apregoado «combate ao Ébola».

A instrumentalização do surto do Ébola para fins militares e geoestratégicos – designadamente pelos EUA, a França e o Reino Unido - integra-se na mesma atitude e doutrina táctica quanto à instrumentalização de conflitos (quantas vezes provocados pela ingerência externa), da «luta contra a pirataria», da «luta contra o terrorismo», do «combate às armas de destruição massiva», da «defesa dos direitos humanos», dos denominados «Estados falhados» (quantas vezes desarticulados por longos anos de agressão externa) e até de catástrofes naturais, como pretextos para impor a presença e intervenção militar numa determinada região.

O CPPC considera urgente a mobilização dos meios necessários para combater eficazmente o surto de Ébola na África Ocidental, sem serem condicionados ou determinados pelos interesses das grandes multinacionais farmacêuticas.

Neste sentido, o CPPC junta a sua voz aqueles que saúdam a iniciativa de Cuba que prontamente enviou centenas de médicos e de outro pessoal clínico para ajudar a combater o Ébola na África Ocidental.

O CPPC saúda igualmente a realização da Cimeira extraordinária da Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América - Tratado de Comércio dos Povos, que se realizou a 20 de Outubro, em Havana, para enfrentar o surto de Ébola. Uma Cimeira que para além de adoptar um vasto conjunto de medidas preventivas imediatas e de longo prazo dirigidas aos países que integram a ALBA-TCP e a América Latina e Caraíbas, decidiu apoiar as brigadas médicas voluntárias especializadas no socorro em situações de desastres e grandes epidemias – do Contingente “Henry Reeve” da República de Cuba –, que trabalham desde há muito em países de África, continuando a colaborar e a apoiar os países de África afectados pela epidemia, mantendo a cooperação com os países não afectados.

23 de Outubro 2014
DN CPPC